quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cinquenta tons de cinza

 
Finalmente, terminei de ler o livro mais badalado do momento. Mesmo quem não leu já deve ter ouvido falar, lido algum artigo, visto alguém lendo no trem etc. A escritora americana E. T. James compos uma triologia em que aborda a relação amorosa de dois jovens: Ana Steele e Christina Grey. Seria mais um de muitos romances que temos não fosse o fato de Christian ser praticante de sadomasoquismo. "Cinquenta tons de cinza" abre a série com o início do relacionamento e a introdução de Ana a essa prática. O enrendo gira em torno da descoberta do sexo pela protagonista e suas dúvidas com relação a se tornar uma submissa. 
Com relação a trama senti falta de um pouco mais de história. Considero o enredo fraco. A trama gira somente em torno dos dois. Os outros personagens secundários pouco aparecem e não possuem histórias independentes. É, justamente, na concepção dos personagens que reside o outro ponto fraco. James criou tipos que beiram ao inacreditável. Apesar de ser uma obra de ficção ao contextualizá-la em espaço e tempo contemporâneos pretende com isso torná-lo verossímel.  Criar um Christian como um jovem milionário com menos de 25 anos não é problema, pois temos vários exemplos espalhados pelo mundo. O que complica é o fato de ser apresentado como um príncipe encantado. Viril e sensível, apreciador de música clássica e contemporânea, especialista em vinhos, dançarino exímio, piloto de helicóptero, pianista etc, etc, etc. Por mais que tenha sido criado por uma família rica suas aptidões seriam mais plausível se tivesse mais idade, ou seja, mais tempo para poder ter vivido tudo aquilo.
Por outro lado, temos uma Ana Steele caricata também. Tem gente que acha um absurdo ela ser virgem aos 21 anos! Não chego a tanto. Mas, acho estranho demais que esteja terminando a faculdade sem ao menos ter beijado alguém ou sequer ter tido interesse por outra pessoa. Ana é apresentada como uma princesa da Disney. Estudiosa, trabalhadora e virgem à espera do princípe encantado. E, exatamente, isso que acontece. A diferença é que o príncipe em questão lhe enche de presentes e mimos, mas em troca quer manter uma relação sadomasoquista. Daí surge o conflito que norteia a trama. Ceder ao desejos de Christian e se tornar sua submissa, apesar de não ser essa a sua vontade? Vale a pena ir contra seus princípios para estar ao lado dele?
Outra grande polêmica é em relação as cenas de sexo sadomasoquista. Para os praticantes são fraquíssimas. E para os iniciantes pesadas demais. Por mais louco que possa parecer, James, tentou elaborar uma relação sadomasoquista romântica. Christian bate e depois afaga. Xinga e depois elogia. Ana aceita e depois sofre. Não sei se conseguiu ou se é essa mistura o segredo do seu sucesso. O que sei é que com sua trilogia conseguiu feitos dignos de gente grande. Seus livros desaparecem da prateleiras. As vendas ultrapassam a casa dos milhões. Desempenho digno de autores do quilates de Paulo Coelho.
Vi vários aspectos machistas. Christian é o provedor, o protetor. Ana precisa ser cuidada, protegida e sustentada. Em pleno século XXI, uma jovem universitária talentosa prestes a entrar no mercado de trabalho não pode se comportar como uma mocinha de 15 anos.
O mais importante do livro, a meu ver, não é a qualidade literária em si. Mas, o efeito causado. Livros do gênero sempre foram escritos. Esse não é um assunto novo, mas nunca se divulgou e publicou tanto. O grande mérito de E. T. James foi ter contribuido para esse tipo de literatura ter mais espaço, além de atingir um público muito maior.
Para mim bastou a leitura do primeiro volume.

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